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  • Foto do escritorAlbangela Ceschin Machado

Sexualidade feminina e suas dificuldades

Os estudos científicos realizados por Kinsey, bem como a evolução do conceito de ciclo de resposta sexual, desde Masters e Johnson até Basson, tratam das disfunções sexuais, que têm como base o ciclo de resposta sexual. Segundo artigo publicado por revpsiq@usp.br de autoria de Abdo, C. e Fleury H., temos os seguintes aspectos importantes a considerar na compreensão das disfunções sexuais femininas:

"Antes de Kinsey (Kinsey et al., 1948), 'normalidade' quanto à atividade sexual era a conduta heterossexual, com excitação exclusiva dos órgãos sexuais primários. Os estudos populacionais desse pesquisador revelaram outra realidade: as mais diferentes práticas sexuais ocorriam entre os americanos e envolviam, de forma ampla e irrestrita, os corpos de ambos os parceiros, concentrando-se nos genitais somente para a finalização do ato. Uma vez reconhecida a multiplicidade dessas manifestações sexuais, critérios foram pouco a pouco sendo estabelecidos, de modo a definir o que seria patológico e o que não, dando origem às primeiras classificações dos transtornos da sexualidade. De outra parte, Masters e Johnson (1984), um casal de terapeutas americanos, desenvolveram, na década de 1960, um modelo de ciclo de resposta sexual constituído por quatro fases (excitação, platô, orgasmo e resolução) e comum aos dois gêneros (feminino e masculino). Esse modelo preconizava que o estímulo sexual interno (provocado por pensamentos e fantasias), bem como o externo (desencadeado por tato, olfato, audição, gustação e visão), promoveria a excitação, identificada pela ereção (no homem) e pela vasocongestão da vagina e da vulva (na mulher). A continuidade do estímulo aumentaria o nível de tensão sexual, conduzindo a pessoa à fase de platô, à qual se seguiria, caso o estímulo perdurasse, o orgasmo, no homem e na mulher. O orgasmo masculino seria acompanhado de ejaculação. Na sequência, haveria para ambos um período refratário (resolução) - mais definido no homem que na mulher -, quando o organismo retornaria às condições físicas e emocionais usuais, posto que, durante as fases anteriores, a respiração, os batimentos cardíacos, a pressão arterial, a circulação periférica, a sudorese, a piloereção, entre outras manifestações do organismo, tenderiam a se pronunciar (Abdo, 2005). Na década de 1970, Kaplan formulou que, antecedendo à fase de excitação, há o desejo e não se justifica o platô, em vista de ser a excitação crescente o que conduz ao orgasmo. O novo esquema de respostas sexuais masculina e feminina, então reformulado, compunha-se de três fases: desejo, excitação e orgasmo (Kaplan, 1977). À medida que o conhecimento da sexualidade humana avança, melhor se identificam as diferenças entre as características especificamente femininas e as masculinas da resposta aos estímulos sexuais. Essas diferenças são atribuídas a fatores de ordem biopsicossocial, em especial: hormônios sexuais (estrógenos versus andrógenos), educação sexual (repressora versus permissiva), ambiente (controlador versus estimulante) (Abdo,2005). Em decorrência desse contexto, a mulher tende à sensualidade e à sedução, enquanto o homem busca a conquista e a posse no exercício da sexualidade. Esse quadro é dinâmico e pode se modificar conforme se associam os fatores envolvidos, próprios da vida de cada indivíduo. Uma nova proposta para o ciclo feminino de resposta sexual foi apresentada por Basson (2001), enfatizando o valor da intimidade como motivação feminina para o sexo. Desta feita, entende-se que muitas mulheres iniciam o ato sexual sem suficiente entusiasmo e interesse: na verdade, desejam aproximação física e carinho, antes que a sensação erótica as envolva. Com base neste argumento, Basson et al. (2004) propõem um modelo circular para o ciclo de resposta sexual da mulher, em que a ausência de desejo sexual espontâneo (no início do ciclo) não significa disfunção sexual, o que exclui muitas mulheres da categoria de disfuncionais. Esse modelo pode ser didaticamente dividido em cinco fases: 1. Início da atividade sexual, por motivo não necessariamente sexual, com ou sem consciência do desejo. 2. Excitação subjetiva com respectiva resposta física, desencadeadas pela receptividade ao estímulo erótico, em contexto adequado. 3. Sensação de excitação subjetiva, desencadeando a consciência do desejo. 4. Aumento gradativo da excitação e do desejo, atingindo ou não alívio orgástico. 5. Satisfação física e emocional, resultando em receptividade para futuros atos." Conhecendo-se as disfunções sexuais femininas, torna-se importante orientar a mulher a buscar ajuda, deixando de lado inibições que só atrapalham. Já os profissionais da ginecologia necessitam estar atentos para não deixar de investigar estes aspectos quando do controle da saúde da mulher. Afinal, a qualidade de vida tem como um de seus alicerces a sexualidade saudável.


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