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  • Foto do escritorAlbangela Ceschin Machado

Ciúmes

A palavra de ordem atual parece ser "equilíbrio": para viver, para se relacionar, para crescer e para amar. Sentimentos como o ciúmes vem acompanhando a vida de muitas pessoas, que perdem em qualidade de vida por se deixar consumir por este sentimento. Pode-se falar de vários tipos de ciúmes:

- Normal - Falso ou gratuito - Preventivo - Patológico que, se subdivide em: delirante, obsessivo e, enquanto comorbidade com doença psiquiátrica. O ciúmes normal é aquele que aparece quando existe afeto, atenção, cuidado e um sofrimento transitório e leve o qual não limita a vida das pessoas envolvidas, não ultrapassando os limites da racionalização das evidências. O ciúmes falso ou gratuito não esta relacionado ao afeto, não existindo um sentimento que o faça valer e sim uma resposta ao estereótipo cultural: uma atitude adequada a um comportamento esperado e socialmente determinado. O ciúmes preventivo é um sistema de controle que atua com base no passado ainda, porém, vigente no presente, relacionado a mutilações genitais, virgindade, uso de vestimentas, determinado pelo controle da mulher em suas atitudes perante a sociedade em que vive. Relacionado a poder e fiscalização. O ciúmes patológico, que tem como exemplos Medéia, Otello e tantos outros personagens, pode-se dizer que tratar-se de um comportamento que supera emoções naturais e evolui para um descontrole levando a um distúrbio mental. Pessoas acometidas por ele freqüentemente tem atitudes das quais irão se arrepender, porém, não conseguem se controlar, em alguns casos custando a perceber o que ocorre a sua volta. Pessoas portadoras de ciúmes patológico, mesmo tendo consciência, muitas vezes não conseguem entender tratar-se de uma doença e que precisam de ajuda. Acabam normalmente pedindo desculpas pela atitude mas acabam por, inclusive, entrar em depressão e chegar ao suicídio, muitas vezes agredindo também a pessoa que dizem amar tanto. Não é fácil fazer o diagnóstico de ciúmes patológico. Segundo os autores e estudiosos do tema, é importante verificar algumas características como: - suspeita infundada. - sofrimento dos dois indivíduos envolvidos. - inspeção de bolsa, do armário, da agenda, enfim de objetos pessoais do(a) parceiro (a). - tendência a evitar encontros sociais com pessoas que possam ser prováveis rivais. - perda do controle com facilidade e atitudes de violência física ou verbal com o (a) parceiro (a). Estes são alguns aspectos relevantes, porém não aceitos como universais, para definir o diagnóstico em questão. Podemos dizer que o ciúmes é patológico quando supera os níveis de positividade considerados normais por uma determinada sociedade e cultura. O manual de diagnóstico dos distúrbios mentais não tem ainda esta definição, portanto não temos ainda uma umanimidade. Também conhecido como síndrome de Otelo, o ciúme patológico pode, então, enquadrar-se no distúrbio delirante ou obsessivo-compulsivo, ou ainda em comorbidade com outras doenças psiquiátricas como depressão ou pânico, e nas doenças neurológicas (ex: doença de Parkinson). Finalizando, pode-se dizer que o ciúmes não se limita apenas a casais, pois este sentimento faz parte de todas as relações vivenciadas pelos indivíduos, sejam relações de parcerias afetivo-sexuais, de parentesco, de trabalho, de amizade ou outras. A ameaça da perda, da comparação e da destruição de objetivos e planos, leva o indivíduo a desenvolver emoções que muitas vezes escapam ao controle e chegam a níveis inaceitáveis de impulsividade. A impulsividade leva as pessoas a atitudes que, muitas vezes, as afastam de outras pessoas e traz possibilidades de um isolamento, um sentimento de baixa auto-estima, depressão e medo. O psiquiatra francês Daniel Lagache afirma que: "Ser são não significa ser imune ao ciúmes, significa correr o risco de vivenciar este sentimento, mas ser capaz de superá-lo." Os indivíduos equilibrados podem vivenciar tal experiência, faz parte da natureza humana, porém o descontrole frente a este sentimento é que pode levar a comportamentos patológicos e passíveis de intervenção terapêutica. O ciúme está ligado ao afeto, faz parte das conseqüências do amor relacionado a sentimentos nobres de preservação da espécie, procriação, defesa de território, cuidado da prole, portanto de preservação da sociedade. Retomando o início do texto, tem-se que o equilíbrio auxilia na moderação de sentimentos reais e verdadeiros, que tem no limite entre o saudável e o patológico a possibilidade de adequação. Ser livre é poder escolher o que se quer, sem com isso sofrer ou fazer sofrer, conciliando desejo, afeto, respeito e limite. Fonte: "E Vissero per sempre Gelosi & Contenti" Ed. Rizzoli, 2008, Itália. Donatella Marazziti.


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